O livro das Caretas da República já está à venda nas livrarias há algum tempo mas só agora tive oportunidade de o lançar aqui no blog. É mais um livro da saga Caretas, mas desta vez, para variar, em vez de jogadores de futebol caricaturámos políticos. Os textos estiveram mais uma vez a cargo do Luís Miguel Pereira, que saiu da sua zona de conforto (futebol) para se aventurar num tema tão complexo como o da República. Acho que se safou muito bem. Os desenhos são meus e do Ricardo Galvão (A Bola). Desta vez o Carlos Laranjeira tirou uma licença sabática e não participou. Tive pena. Fica para a próxima.
À conta deste livro aprendi muita coisa sobre estes 100 anos da República em Portugal. Era o tipo de matéria que nunca dávamos em história, porque o ano acabava sempre antes de chegarmos ao Séc. XX. Fiquei muito mal impressionado com os republicanos. Aliás, era republicano quando comecei a fazer este livro mas acabei monárquico. Não perdoo o que os republicanos fizeram com a nossa bandeira. Era linda, branca e azul, com categoria e tranformaram-na numa bandeira da República do Congo.
Neste post só vou pôr os bonecos da primeira parte do livro
correspondentes à Primeira República. São figuras altamente caricaturáveis cheias de adereços, cabelos e bigodes. Estes elementos dão sempre jeito numa caricatura, ajudam a identificar a criatura em questão. Estes tipos deviam ficar horas a pentear as cabeleiras e a aparar os bigodes e as pêras antes de sair de casa.
Este é o Bernardino Machado, foi Presidente da República por duas vezes, teve 19 filhos e foi altamente caricaturado na sua época. Percebe-se porquê. Foi ele que teve a brilhante ideia de levar Portugal a participar na Primeira Guerra Mundial.
Uma das coisas boas desta época é que foi prolífera em caricaturas e cartoons. Toda esta época está documentada com desenhos de Silva Monteiro, Jorge Barradas, Francisco Valença, Stuart Carvalhais, Alonso, Leal da Câmara, entre outros. Grandes mestres que marcaram uma época e que ainda servem de inspiração a muita gente.
O balanço que se faz da Primeira República é catastrófico. Em 16 anos houve 45 governos e 8 presidentes. O país estava na miséria, muito parecido com o que se passa hoje em dia. O país só voltou a entrar nos eixos quando apareceu um menino chamado António de Oliveira Salazar. Mas isso fica para o próximo post.
Estas caretas podem ser vistas no Festival Internacional de Banda Desenhada da Amadora, no Fórum Luís de Camões até ao dia 7 de Novembro. Apareçam
segunda-feira, 25 de outubro de 2010
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6 comentários:
gostaria de comprar um ou dois exemplares devidamente autografados, quiçá num próximo encontro da Feco Portugal.
Abraço! Hermínio
O meu já cá canta ;)
Abraço
Não consigo escrever sobre este assunto de cabeça fria, por isso peço desde já um peço um desconto. De facto, a ditadura da república está de "parabéns" (ditadura pelo facto de até hoje (época altamente civilizacional) ser inconstitucional perguntar ao povo se gosta dela...). Os seus resultados (para além duma primeira fase criminosa) estão aí: nova ética, nova moral "humanista" e um país a perder pontos, apesar do povo que tem, sempre a tentar remar contra a corrente.
Olá Pedro,
É verdade, pelos vistos o tempo para o blogging tem escasseado para ambos ultimamente. A ver de alteramos isso ;)
Parabéns por mais esta belíssima publicação! As caricaturas estão fantásticas e o tema, extremamente pertinente nesta altura, ajuda a tornar as imagens ainda mais magníficas graças à moda da época.
Realmente...aquelas barbas e bigodes não deviam ser nada práticos... acho que aquilo só devia ver água e sabão de mês a mês, para ficar bem sebosinho e se manter no lugar. Como é que eles comiam com aquelas bolas de pelo à frente da boca? Imagino que a Paula Bobone ficaria horrorizada com as maneiras deles à mesa...faço ideia o caldo verde que devia ser o interior daqueles bigodes... cruzes credo! vai de metro satanás! :P
Abraço
Viva!
Estive a ver o último post do teu blogue, e confesso que a minha ignorância em relação à nossa "jovem" república de 100 anos como também ao historial, a todos a que de forma directa ou indirecta fazem parte da sua história.
Um dos aspectos que mais me faz pensar é o que levou a que no ensino da nossa história não foi feito um estudo mais aprofundado, uma vez que se reporta a uma etapa importante na (des)governação da nossa nação.
É estranho! Podem ensinar-nos em miudos na escola, desde a presença do Cro-magnon, o homem de Neandertal, o Australopiteco no nosso território. Podem referir-se à presença dos fenícios, gregos, romanos, godos, suevos, árabes no desenvolvimento das características do nossos povo e no desenvolvimento da nossa nação.
Podem ensinar-nos a criação do Condado Portucalense por D.Afonso Henriques, num dia em que de repente lhe dá na veneta e decide criar um reino e ainda se dá ao luxo de andar à pancada com a própria mãe.
Depois disto todo uma sequencia interminável de monarcas e de reinados, com aventuras, desventuras e desvarios que moldaram em parte as características desta nação e do seu povo.
Então numa fase posterior, com a queda da monarquia e a implantação da República, o material leccionado começa a escassear, até que se retoma com o Estado Novo e a sua posterior destituíção, abrindo caminho a mais uma fase trágico-dramática de Portugal, com o "25 do A" de 1974.
Isto tudo bem analizado, dá para entender que houve umas épocas mais conturbadas do que outras. A República, ou pelo menos, o início dela foi em dúvida uma destas épocas.
Continua...
Continua...
Ao contrário das restantes nações europeias, em que a transição de um sistema monárquico para um republicano, foi mais pacífico e coerente, nós em Portugal, passamos do 8 para o 80. Simplesmente tratamos de "limpar o sebo" ao rei e obrigamos ao exílio o que vinha a seguir, juntamente com a sua família. A Inglaterra durante toda a sua história teve apenas um brevíssimo período em que foi uma república com Oliver Cromwell. No final desta república Cromwell era eliminado e voltava-se então para uma monarquia constituciuonal que ainda hoje existe.
Todos os anos se comemora a instauração da República a 5 de Outubro, desde 1910, mas nunca celebram a data do regicídio, talvez devido ao peso que exerce sobre as consciências republicanas. Não lhes dá jeito lembrar uma das "nódoas" que mais saltam à vista, certamente. Muitas outras mancham a dita República.
Penso que toda a gente está de acordo em relação aos excessos e desigualdades que se verificavam já nos últimos anos da monarquia. Agora ninguém quer lembrar-se de todos os excessos que foram cometidos nos primeiros anos da República, desde a perseguição feita ao clero até à nossa participação desastrosa no primeiro conflito à escala mundial registado na Europa.
Obviamente, na época o que se pretendia é criar um sistema governativo mais igualitário, sem distinção de classes e mais justo.
Outro dos aspectos mais curiosos da nossa república, é de que quase todos os seus membros pertenciam à Maçonaria, quais pedreiros-livres do mundo na sua demanda da construção de um mundo melhor!!! Como se sabe, no fundo, estes membros desta sociedade "secreta" tinham na realidade como objectivo algo completamente contrário aos seus objectivos.
Os inúmeros presidentes e governos só terminariam com a ascenção do Prof. Oliveira Salazar, que durante a sua longa "gestão" ainda conseguiu endireitar as finanças do país mas que deixava um grande défice democrático entre nós.
Irónicamente de tempos a tempos estamos a ler e a reler as obras, textos e crónicas do tempo de Eça de Queirós, de Bordalo Pinheiro entre outros, em que se punham a nu todos os podres da monarquia, e sem querer verificamos que voltamos a passar pela mesmíssima situação, com a pequena diferença de que já não estamos numa monarquia mas sim numa democracia! Estranho!!!
Não é preciso ir muito longe, para vermos que os "supostos" ideiais republicanos ainda são partilhados por figuras como Mario Soares, Manuel Alegre e toda a família política socialista portuguesa. Além de republicanos são maçons (alguns), o que os define muito nas suas reais intenções, ou seja, mostram-se como republicanos mas agem muito pouco como se o fossem. É triste este país, muito triste!
Concordo absolutamente contigo quando falas na bandeira nacional. Um dos elementos que representa as nações do mundo, neste caso a nossa bandeira foi totalmente desvirtuada.
Acho que ela é bem pior que a da República do Congo, talvez fique situada entre a do Burundi e a do Togo! Porque é que não se limitaram tirar o simbolo monárquico e o substituíram pela actual esfera armilar? As cores estavam muito bem e eram civilizadas, pareciam-se com as da bandeira de San Marino!
E de pensar que foram feitos concursos para a nova bandeira, isto é, a da República. Quanto é que terá custado já na altura tais concursos e estudos? E cada uma era mais feia que a outra.
Se for feito um breve balanço ou melhor análise, poderemos dizer que a república não trouxe muita coisa boa, mas por outro lado eliminou outras más, ao fim e ao cabo.
Não sou nem monárquico nem republicano, mas penso que muito honestamente encontramo-nos quase literalmente numa das obras memorável Eça de Queiróz, provavelmente ou nos Maias ou na Capital, oude todos os vícios e podres de uma sociedade em decadência estão bem patentes. está cá tudo, os agiotas, os banqueiros, os políticos, os arrivistas, os oportunistas, o povo ignorante e passivo. Não falta nada, até os escândalos são parecidos.
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