domingo, 21 de dezembro de 2008

O avôzinho lá do Céu

Embalado pelo espírito natalício, onde temporariamente somos todos bonzinhos, caridosos e solidários, nada melhor do que uma caricatura de um senhor que era bonzinho, caridoso e solidário a tempo inteiro.
Serve também este boneco para abençoar o blogue e apaziguar ilustradores, avós, católicos e demais ofendidos. Neste período de paz aproveito para restituir a minha identidade.
Esta foi a primeira caricatura que fiz para a MAGAZINE-GRANDE INFORMAÇÃO para o número 1 desta revista já lá vão 3 anos. Ainda fazia tudo à mão, a guache, aguarela e lápis de cera de óleo (uma técnica demorada que é preciso ter paciência de chinês). Nesta altura ainda não me tinha rendido ao computador. Achava e ainda acho, que um original feito à mão, sem rede, sem hipóteses de fazer "Ctrl Zs" (undos) tem muito mais valor. É como o João Garcia que faz questão de subir ao Everest sem ajuda de botijas de oxigénio. No caso das caricaturas o computador é a botija de oxigénio.
Este texto que segue já de seguida foi o primeiro que fiz na vida, tipo crónica, para uma revista. Foi aqui que descobri que não era totalmente analfabeto e que tinha um Fernando Pessoa dentro de mim. Vá lá, uma Margarida Rebelo Pinto dentro de mim. Independentemente dos erros ortográficos tornei-me um cronista de corpo e alma, pelo menos no entusiasmo!
Ao contrário do texto do Hitler que apresentei integralmente, neste tive de aplicar o lápis azul tal era a lamechice (de bradar aos céus). Apresento aqui alguns trechos desse texto que passaram na censura:

João Paulo II

Acontece-me frequentemente interessar-me por uma pessoa importante depois dela ter partido deste mundo. Qualquer coisa parecida com o fenómeno da morte de um artista plástico e com a valorização da sua obra no próprio dia em que morre. Estas pessoas ganham outra dimensão na nossa consciência pelo facto de terem alcançado um patamar diferente do resto dos vivos. Como já não são uma ameaça permitimo-nos apreciá-los sem preconceitos. Com este Papa até foi diferente, porque já gostava bastante da sua figura mesmo antes de morrer. Sempre o achei o avôzinho simpático da humanidade, com palavras também simpáticas, sempre a apelar à paz e ao amor, apesar de ninguém lhe ligar peva. (...)
(...) foi um homem extraordinário, com uma vida de meter inveja, de uma entrega a uma causa, de uma fé inabalável, de uma alegria de viver e de uma humildade contagiante (...) dando o exemplo com a própria vida.
Acredito que Deus tem muito mais sentido de humor do que aquele com que o pintam. De outra maneira não nos conseguiria aturar.(...)
Um verdadeiro rebuçado para qualquer caricaturista (...) este homem marcou-me pelo seu carisma, pela sua força, pela sua longevidade e por todo o seu percurso. Presto-lhe assim esta última homenagem.

5 comentários:

Anónimo disse...

Uma vergonha!!!
Não acho normal chamar-se Avôzinho ao Santo Padre. Definitivamente falta-lhe classe Senhor Pedro.
Lamentável...

Carlos Pavão

Anónimo disse...

Foi exactamente o seu ar de Avôzinho (de bondade, carinho, amizade) que o aproximou de tantos católicos e que devolveu à Igreja tantas "ovelhas" tresmalhadas (indecisas, desiludidas, desacreditadas).

Foi muito bom recordá-lo...ao Santo Padre, com o seu rosto, sempre sereno, de Avôzinho!

RM

Anónimo disse...

Concordo, chamar Avô a um celibatário, ou melhor, ao Maior dos Celibatários... tsss, tsss!
Mas muito adequado à época do ano - já que infelizmente não ligamos a estas coisas nos outros 11 meses... - e com grande expressividade.
Um abraço!

Anónimo disse...

Já agora, também não podemos chamar Pai a Deus, não? Que mania de levarem tudo à letra; é gente da Maçonaria, ligada ao Anti-Cristo, que anda aqui a comentar, ou quê? Já agora, gostei muito de ver o autor deste blogue na TV...

Pedro disse...

Eu não vi o autor do blog na TV (tenho pena, mas não tenho TV) mas tenho saboreado com muito gosto TODOS os post. E os comentários também.
Estas polémicas além de saudáveis são muito muito divertidas.
Espero que o autor não saia amachucado.