
Os primeiros anos da imberbe república portuguesa foram de tal maneira desastrosos que tinham de acabar mal, tinham de acabar com um golpe militar que aconteceu em 1926. Parece que foi um tal de Mendes Cabeçadas que entrou à cabeçada por Portugal "adentro", restabelecendo a ordem, impondo à força o Professor de Economia Política e Finanças, António de Oliveira Salazar, como Ministro das Finanças.

Para Presidente da República desta nova modalidade de regime, escolheram por decreto um Marechal... Óscar Carmona. Manteve-se no cargo durante 25 anos e morreu em pleno exercício das suas funções no Palácio de Belém.
Tal como as personalidades da Primeira República estas também são um mimo para qualquer caricaturista, bigodes, narizes, orelhas e carecas em barda.

Em 1933 fizeram um fato à medida de Salazar. Redigiram uma nova Constituição em que todo o poder ficava concentrado no Presidente do Conselho de Ministros, ou seja, em Salazar. Era esperto o rapaz. Durante quarenta anos conseguiu manter esse estatuto. Como era um ditador
light ninguém se chateou muito durante esse tempo. Tendo em conta os outros ditadores contemporâneos de Salazar que proliferavam por essa Europa fora, acho que tivémos muita sorte com o nosso seminarista.

Pelo caminho, foi eliminando quem lhe fazia frente tal como o General "sem medo" Humberto Delgado. Sem medo não era bem assim, como podem ver pelas fotografias e por esta caricatura, este general tinha medo de assumir a careca. Era daqueles que puxava o cabelo de trás para tapar à frente.
Com ou sem penteado, não se safou de uma emboscada PIDEsca liderada por Rosa Casaco. Sim, esse mesmo, que anos mais tarde andava a passear livremente que nem um passarinho por Lisboa a dar entrevistas aos jornais.

Se Salazar tivesse sabido sair a tempo, antes do país estar no buraco em que ainda hoje se encontra, aquele prémio do Melhor Português de todos os tempos faria mais sentido, não teria sido tão escandalosa a sua atribuição. O problema é que quando um político se agarra ao poder nunca mais larga o osso. Se aquela cadeira não se tivesse partido o buraco ainda teria sido maior.

Marcelo Caetano recebeu uma herança pesada e nem com uma primavera conseguiu mudar o rumo dos acontecimentos. Nem com as suas conversas em família conseguia disfarçar o indisfarçável. Os dados estavam lançados e uma nova revolução era inevitável.
Se quiserem saber mais sobre estas e outras histórias dos 100 anos da República Portuguesa... comprem o livro. Está lá tudo.
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